5.12.06

Para arregalar os olhos

Uma recordação....


A nossa avenida e os famosos palheiros






















O que é?

"Lostras"? O que é? Não, não são ostras em espanhol lol
Uma palavra que já não ouvia algum tempo. Tal como outras tantas que só são usadas ou pelo menos que eu só ouço quando lá vou. Num destes fins-de-semana houve alguém que disse "Aqueles mereciam era um par de lostras!" Pois é... equivale ao que vulgarmente também se diz "bolachas". Ou ao que correctamente se deve dizer (ou não) de bofetadas.

Isto só para dizer que cada região tem expressões tão próprias, tão originais e tão caracteristicas que por vezes nos esquecemos que elas existem...

E tu lembraste de alguma que queiras partilhar? ;)

24.10.06

A minha terra...




Sinto a Castanheira como a minha terra, não nasci lá, mas vivi lá parte da minha infância e adolescência e quando passei a viver na Guarda e me perguntavam de onde era dizia com muito orgulho,
- Sou da Castanheira!

Hoje vivo em Lisboa, onde os vizinhos não se conhecem, onde tudo é impessoal...

Por vezes sinto saudades dos tempos que lá vivi, do tocar das Avé Marias, o relógio a cada 15 minutos, e as trindades (sinal que devia ir para casa).

Havia rituais em cada estação do ano:
  • No Outono, a vindima, ir apanhar tartulhos e miscaros, comer um magusto
  • No Inverno, as matanças dos porcos, a chouriça assada no lume, a fogueira do Natal
  • Na Primavera, comer Azedas, o mês de Maria
  • No Verão, a Festa do Senhor, a vinda dos emigrantes

Com o tempo irei divagar sobre cada um destes rituais, que não se perderam e continuam, este blog serve para isso mesmo, para dar a conhecer um pouco da nossa terra, que apesar de não lá viver continuará a ser a minha terra...

17.10.06

No tear da nossa história

Há tempos descobri neste blog um post sobre a nossa Castanheira, este post. E fiquei feliz, porque afinal há artes q nao se perdem ou pelo menos não se esquecem. E há sempre quem lhe dê o devido valor. Quanto a mim tenho umas quantas mantas de farrapos em casa. Algo diferente, original e, acima de tudo, único.

16.10.06

além do que a vista alcança


Neste post alguém falou em algo fantástico que temos lá na terra... Pra uns aquilo n seria mais do que um monte de pedras, para nós são os barrôcos - nunca cheguei a perceber como se escreve ou se é que tal palavra existe! E daqui tem-se uma vista fantástica... Desfrutem-na sempre que puderam que eu já tenho saudades.

4.10.06

Reencontro

A pedido de muitas familias... ;)
O reencontro de muita gente da terra, o reencontro de amigas que ja não se viam há muito. Uma festa q serviu de pretexto para que isso acontecesse.
Aos protagonistas da festa os nossos parabéns por tudo. Tava lindo, eles tavam lindos e foi lindo! Obrigado! E sejam felizes ;)

5.9.06

passeios pelo passado


Castanheira – não é a terra que me viu nascer, mas posso dizer que foi a terra que me viu crescer. Onde passei a minha infância e adolescência, onde brinquei, ri, chorei e cresci como pessoa. Como pessoa porque no decurso da nossa vida há momentos que nos marcam, de tal forma que, esses momentos, são mais tarde recordados. Seja de forma positiva, quando algo aconteceu que nos causou uma tremenda alegria, seja exactamente pelo sentimento oposto, deixando uma marca de profunda desilusão. Seja pelo mau ou pelo bom, muitas vezes dou por mim a passear pelo passado e a sorrir a momentos e experiências que com toda a certeza não se irão repetir.
Desses tempos e até aos dias de hoje guardo uma grande ternura por quem passou pela minha vida. Alguns mantém-se amigos, outros nem por isso, mas a vida é exactamente feita destas coisas: aquilo que é uma verdade inegável hoje, provavelmente não o será amanhã. Tal qual as amizades.
Lamento sim que algumas pessoas tenham mudado de tal forma que já nem sequer se permita que exista hoje em dia uma relação. No entanto, os bons e os verdadeiros mantém-se, de pedra e cal, mesmo que a distância separe as nossas vidas por algum tempo.

Mas sobre a Castanheira… e sobre o que recordo dela. São inúmeras as recordações que, de repente, há memória vieram variadíssimas imagens de momentos completamente distintos. Foi, durante os tempos de estudo na Guarda, o meu destino de fim-de-semana.
Algumas recordações desse tempo:

A loucura do futebol, da ACDC – domingo sim, domingo não! A berrar que nem uma louca pela equipa, especialmente pelo Sacadura! Bons momentos esses, recordam-se meninas?

A igreja – a mordomia de nossa senhora da Conceição. Pouco fazíamos porque éramos demasiado novas, portanto as mães ou representantes eram chamadas a desempenhar as respectivas funções, enquanto nos ajudávamos (ou atrapalhávamos!) e dávamos a cara!

As festas – a festa do Corpo de Deus era o acontecimento social e religioso do ano (era suposto ser mais religioso do que pagão! Mas nem sempre o era, ou melhor nunca o era!). De ano para ano a ansiedade era muita porque a concorrência também o era e também porque era necessário provar que “os de este ano eram melhores que os do ano anterior”!

E as festas no verão – a essas só tive oportunidade de assistir mais tarde, já na adolescência. E dessas festas recordo o melhor verão da minha vida – 1998! Muitos conhecimentos, muitos “deutsches” e “francious”, muita diversão. Tanto se passou, tanto se falou, mas tanto ficou por acontecer.
Recordo numa noite estar com alguns amigos na rua, porque nessa altura as noites de verão eram realmente de verão (tal como a noite de hoje!!) e o sino começar a tocar a repique. Era o aviso que o fogo andava ali por perto e era precisa ajuda. Claro que naquela altura, e para a nossa idade, não passávamos de uns mirones pois pouco podíamos fazer, mas lá fomos nos ver o que se passava. E era um mundo de chamas que se deparava na nossa frente, que consumia tudo o que aparecia a frente. Não me recordo das proporções que aquele incêndio tomou, mas recordo que a população estava em peso ali para evitar que chegasse à aldeia.

E o Sumol – de onde veio esse nome, o como surgiu... Seria um nome que apenas algumas pessoas soubessem a quem se referia, no entanto alastrou-se! Mais um dos verões para recordar. Uma noite de S. João a percorrer as fogueiras de forma tão inocente. Certamente que hoje seria bem diferente!!

3.9.06

Da minha aldeia

Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver no Universo...
Por isso a minha aldeia é tão grande como outra terra qualquer
Porque eu sou do tamanho do que vejo
E não, do tamanho da minha altura...
Nas cidades a vida é mais pequena
Que aqui na minha casa no cimo deste outeiro.
Na cidade as grandes casas fecham a vista à chave,
E escondem o horizonte, empurram o nosso olhar para longe de todo o céu,
Tornam-nos pequenos porque nos tiram o que os nossos olhos nos podem dar,
E tornam-nos pobres porque a nossa única riqueza é ver.
(VII - Da Minha Aldeia - Alberto Caeiro)

16.8.06

Lá do alto, no cimo da serra...

As raízes

Apesar de muitas vezes duvidarmos das nossas raízes e sentirmo-nos perdidos sem saber muito bem onde pertencemos, há sempre um momento em que tudo faz sentido, tudo bate certo, as peças do puzzle encaixam. Tudo naquele lugar – onde tudo aconteceu na nossa vida… ou um resumo daquilo que também poderá acontecer!

Porque não um cantinho na net dedicado à Castanheira? Vou enumerar as razões:
- Porque há um laço de sangue que nos une a esta terra, que não o poderemos esquecer;
- Porque à parte da família que ainda existe lá, às vezes pouco há a recordar e pouco nos faz voltar – vamos mudar isso!
- Para não deixar cair no esquecimento memórias, histórias, momentos e também críticas. Construtivas como é óbvio!
- Porque já fazia falta! Além dos castanheirenses em Lisboa, há muitos espalhados por esse país fora, por esse mundo fora. Castanheirenses como nós, não aqueles que pertencem há geração dos nossos pais mas aqueles que fizeram a chamada geração rasca, aqueles que agora iniciam literalmente a sua vida… pessoal, profissional. A esses (e a todos os outros também) convido a deixarem aqui a vossa opinião, o vosso testemunho daquilo que se passa/passou nesta terra! Tenho a certeza que vamos descobrir histórias engraçadas!

Um blog dedicado à Castanheira. Sobre a Castanheira. Que fala da sua história e que conta as suas estórias! Desde aquelas vividas há muitos anos até aquelas que recordamos numa memória recente.

Porque ela é uma realidade vivida, apreciada e sentida de diferentes modos. Quem nela vive, sente-a diariamente como uma rotina. Como um lar doce lar no regresso de um dia de trabalho a casa. E quem nela revive momentos e estórias, sente-a como um porto de abrigo, um lugar onde se sente em casa mesmo que essa não seja a sua real casa.

Pessoalmente, enquadro-me neste último grupo. Aqueles que partiram para construir a sua vida fora da terra. Uns porque as oportunidades seriam maiores, outros porque foram de "arrasto" ou sem opção. Eu diria que em qualquer dos casos, a Castanheira é, no entanto, o verdadeiro lugar a que pertencemos. Onde as nossas verdadeiras raízes se encontram porque nascemos ou crescemos lá ou temos fortes ligações (muitas de sangue) que nos prendem a esta terra. E que nos chama por esse motivo à mesma.

Queremos fazer deste cantinho na net um sítio onde possa ser partilhado com o mundo a beleza (sim porque ela existe!), a história, a simplicidade e as estórias desta terra. E estórias é o que certamente não irá faltar para fascinar quem lê!!!